Capacidades dinâmicas e empreendedorismo internacional no parque tecnológico de Pernambuco: análise de empresas do Porto Digital

João Lucas Vieira Silva

joao.lucasvieira@ufpe.br

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife, PE, Brasil.

Yákara Vasconcelos Pereira

yakarav@gmail.com

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Recife, PE, Brasil.


RESUMO

O Empreendedorismo Internacional (EI) e as Capacidades Dinâmicas (CDs) vêm ganhando destaque, principalmente, em empresas de base tecnológica. A busca por esse alcance leva as organizações a assumirem riscos e utilizarem-se de posições proativas e empreendedoras. Para chegarem ao objetivo desejado, as organizações adaptam processos, rotinas e ferramentas. Esse elo entre as capacidades dinâmicas e o Empreendedorismo Internacional se apresentaram imprescindíveis para alcançar o sucesso da internacionalização. Este artigo busca analisar como as capacidades dinâmicas influenciam o empreendedorismo internacional de empresas do Porto Digital. Para viabilizar a investigação, foi realizado o estudo de múltiplos casos com empresas aportadas nesse parque tecnológico. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com gestores estratégicos, os quais detinham informações acerca da internacionalização dos empreendimentos, bem como dados secundários que foram obtidos a partir de matérias de jornais e revistas via acesso por assinatura. Revelaram-se dois elos entre as capacidades dinâmicas e as dimensões do EI, a saber: identificação e exploração de oportunidades e a capacidade de estabelecer relacionamentos, propensão à adaptação e a capacidade de aprendizagem. Considerado um campo ainda recente, na literatura existem poucos estudos em países de economia emergente. Tanto as limitações quanto os aprendizados dos gestores estratégicos para internacionalização contribuem para uma visão mais robusta sobre o processo de internacionalização e aplicação das capacidades dinâmicas para a sobrevivência e ganho de vantagem competitiva nas empresas. A investigação e a compreensão do tema em empresas sediadas em um dos maiores parques tecnológicos da América Latina revela a influência entre as CDs e as dimensões do EI que ocorrem de forma tênue e imperativa para o processo de internacionalização.

Palavras-chave: Empreendedorismo Internacional; Capacidades Dinâmicas; Porto Digital.


INTRODUÇÃO

A globalização influenciou a abertura dos mercados internacionais e permitiu mais integração econômica. Nesse contexto, observa-se que a informação, o capital e a tecnologia são projetados para além das fronteiras nacionais (Friedman, 1999) permitindo que as multinacionais ampliem as operações em diversos países (Feenstra e Hanson, 1997).

Nesse âmbito, destaca-se o Empreendedorismo Internacional (EI) o qual pode ser considerado um campo de pesquisa recente – citado inicialmente por Morrow (1988) e investigado na academia por McDougall (1989). Os estudos de EI se iniciam na área de internacionalização de empresas com enfoque nas firmas nascidas globais, denominadas borns globals. As investigações sobre essas firmas vêm obtendo relevância no campo acadêmico e estão concentradas principalmente no setor de tecnologia (Chakravarty, 2021; Keupp & Gassmann, 2009; Ribeiro et al., 2012).

Nesse sentido, à medida que as pesquisas avançam, o arcabouço teórico se desenvolve e evolui a respeito da compreensão do conceito de Empreendedorismo Internacional, entendendo-se o EI como “[...] uma combinação de comportamento inovador, proativo e de risco que cruza fronteiras nacionais e tem como objetivo a criação de valor nas organizações” (McDougall & Oviatt, 2000, p. 903). Tal entendimento perpassa pela concepção de que o EI concebe apenas organizações comerciais que buscam criar vantagens competitivas no uso de recursos e a venda de produtos finais em vários países (Oviatt & McDougall, 1994).

Atualmente, o fenômeno vem sendo observado em organizações de grande e pequeno porte, bem como antigas e novas (Coombs et al., 2009) e demonstra a necessidade de realização de novas pesquisas (Ahmed & Brennan, 2021; Keupp & Gassmann, 2009). Nesse contexto, a internacionalização – assim como o empreendedorismo – não é considerada um fenômeno estático, mas sim se trata de um processo (Dimitratos & Plakoyannaki, 2003; Keupp & Gassmann, 2009). Venkataraman et al. (2012) destacam que durante o processo de internacionalização, exige-se que o empreendedor aja e interaja com o ambiente, bem como se relacione com a identificação e exploração das oportunidades de forma dinâmica.

No Brasil, houve crescimento dos indicadores de empreendedorismo. Segundo o estudo publicado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil passou de 27 milhões de empreendedores em 2011 para 53 milhões, em 2019. Nos países em desenvolvimento, é possível notar cenários mais instáveis. Para isso, torna-se necessário que as empresas sejam empreendedoras e atentas às ameaças e novas oportunidades (Guerra et al., 2016; Herrmann et al., 2017).

Destarte, no processo de internacionalização para que os empreendedores atuem em ambiente complexo, as capacidades dinâmicas auxiliam as organizações por meio da reconfiguração, integração de competências, garantindo vantagem competitiva para atuar e executar as atividades empresariais (Teece et al., 1997). Assim, deve dispor de capacidades dinâmicas para reconhecer o valor de novas informações externas, assimilá-las e aplicá-las comercialmente, ou identificar e capitalizar oportunidades emergentes de mercado, bem como no desenvolvimento de novos produtos e serviços inovadores em quantidade e qualidade superior em relação aos concorrentes (Mckelvie & Davidson, 2009; Wang & Ahmed, 2007). Portanto, o estudo das capacidades dinâmicas revela-se como imprescindível para a realização desta pesquisa.

Assim, o presente estudo visa contribuir no desenvolvimento do campo do conhecimento da Administração ao relacionar o EI e as capacidades dinâmicas em organizações da área de tecnologia, especificamente do Porto Digital. O Porto Digital é um dos maiores parques tecnológicos do Brasil (Steiner et al., 2008) e concentra empreendedores que buscam diferenciação por meio da tecnologia e da inovação no mercado doméstico e global. Ademais, esta investigação visa contribuir ao analisar as organizações de um país com economia emergente para assim preencher o gap existente na literatura científica devido à escassez de pesquisas nas nações em desenvolvimento (Ahmed & Brennan, 2021; Johanson & Vahlne, 2009). Frente ao exposto, alcança-se a seguinte pergunta de pesquisa: como as capacidades dinâmicas influenciam o empreendedorismo internacional de empresas do Porto Digital?

REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir, apresenta-se a literatura de EI e capacidades dinâmicas.

Capacidades dinâmicas

À medida que os mercados se desenvolvem, os ambientes se tornam mais complexos e dinâmicos, a mudança tecnológica mais rápida e as capacidades dinâmicas ganham relevância, pois permitem que as organizações possam lidar com essas questões de forma a proporcionar vantagem competitiva (Teece 2007; Teece & Pisano, 1994; Teece et al., 1997). Na definição inicial proposta por Teece et al. (1997, p. 516), a capacidade dinâmica é definida como a habilidade da firma em integrar, construir e reconfigurar competências externas e internas em ambientes de mudança rápida. Eisenhardt e Martin (2000), diferentemente do proposto por Teece et al. (1997), compreendem as capacidades dinâmicas como um processo organizacional, que por meio de rotinas e estratégias, alcança a reconfiguração e recombinação de recursos para obter vantagem competitiva, orientando-se majoritariamente pela visão baseada em recursos (RBV) e não aderindo à abordagem teórica utilizada por Teece (Di Stefano et al., 2014).

Segundo Zollo e Winter (2002), à medida que o campo evolui, o entendimento de capacidades dinâmicas é desenvolvido. Eles compreendem CDs como um padrão de atividade coletiva, o qual utiliza de mecanismos modificando a rotina em busca da eficiência de aprendizagem. Nesse mesmo sentido, Wang e Ahmed (2007) entendem como um comportamento constante para reconfigurar, recombinar, renovar e recriar recursos e capacidades para a reconfiguração das capacidades chave para agir e sustentar a vantagem competitiva diante das mutações do ambiente. Zahra et al. (2006) consideram CDs como a habilidade de reconfigurar recursos e rotinas da empresa da maneira planejada pelo principal gestor da organização. Outrossim, há também autores que compreendem dessa maneira (Andreeva & Chika, 2006; Collis, 1994; Wang & Ahmed, 2007; Zollo & Winter, 2002).

Di Stefano et al. (2014) argumentam que o campo de CD se constrói em uma base heterogênea devido à dicotomia existente nos artigos seminais introdutórios que se baseiam em perspectivas diferentes. Dessa forma, na medida em que o campo evolui, a divergência sobre a compreensão prevalece pelo fato de os conceitos introdutórios serem contraditórios. Destarte, ao passo que há avanços, Teece (2014) argumenta que capacidades dinâmicas entrelaçadas com estratégias de internacionalização são basilares para que haja vantagem competitiva.

Empreendedorismo Internacional

Para Schumpeter (1988), empreender está intrinsecamente relacionado ao processo de inovação, assim apresenta o termo “destruição criativa” o qual tem implicações na criação de produtos, em que métodos existentes são destruídos e substituídos por novos. Gimenez et al. (2014) concordam com Schumpeter e complementam ao considerar o ato de empreender relacionado a alguém que – sob incertezas e riscos financeiros – gera uma ideia inovadora, utilizando a combinação de recursos. Dornelas (2014) parte da perspectiva de pessoas e identificação das oportunidades ao determinar que o trabalho em conjunto gera a transformação de ideias em oportunidades e essas em negócios.

Ao analisar o fenômeno na perspectiva global, o Empreendedorismo Internacional (EI) ganha relevância no campo acadêmico ao auxiliar na compreensão do processo de internacionalização. Nesse sentido, o EI foi definido por McDougall (1989) como “[...] o desenvolvimento de novas empresas internacionais ou startups que desde o início se engajam em negócios internacionais, assim têm suas operações de domínio como internacionais desde os estágios iniciais de operação da firma” (McDougall, 1989, p. 387). Zahra e George (2002) concebem o EI a partir de uma perspectiva processual de descobrimento, identificação e como um processo de descoberta criativa. Na lógica de exploração de oportunidades, Dimitratos e Plakoyiannaki (2003) contribuem com a visão estabelecida com Zahra e George (2002) e acrescentam ao integrar a cultura organizacional ao EI e o papel do empreendedor. Nesse panorama, Mtigwe (2006) também identifica o Empreendedorismo Internacional como um processo, mas sua concepção agrega na ótica de Dimitratos e Plakoyiannaki (2003) ao destacar o comportamento empreendedor no conceito de Empreendedorismo Internacional como crucial para o resultado empresarial, contemplando uma gestão corajosa na qual o engajamento individual inovador, proativo, o comportamento favorável a enfrentar risco calculado projetado para processar as oportunidades de negócios no exterior apresentadas pelas imperfeições e sucesso do mercado multinacional, bem como por recompensas financeiras e não-financeiras.

Os estudos clássicos vêm contribuindo significativamente com a revisão de literatura (Dimitratos & Plakoyannaki, 2003; Oviatt & McDougall, 1994; Zahra & George, 2002) e estudos teóricos-empíricos (Anderson, 2000; Schweizer et al., 2010; Welch & Welch, 2004). Assim, a área mostra-se relevante e demanda o aprimoramento de práticas de exportação, diversificação, evolução da taxa de crescimento e o alcance da economia de escala (Czinkota, 1994).

Capacidades dinâmicas e empreendedorismo internacional

Na atuação das organizações em contextos internacionais, exige-se dos empreendedores capacidades para enfrentar as barreiras internacionais e lidar com os riscos em novo país hospedeiro, diferenças culturais, burocracias, limitações financeiras, fornecedores, distância psíquica, bem como outros fatores. Nessa perspectiva, a orientação empreendedora se destaca como capacidade de gerenciar empresas internacionais e viabilizar a internacionalização bem-sucedida (Vahlne & Johanson, 2017). Sarasvathy (2014) argumenta que os gestores possuem papel importante na gestão de recursos, visto que as tomadas de decisões estratégicas geram melhores resultados. Além disso, destaca que as ações tomadas com recursos são mais importantes que os recursos em si, visão compartilhada por Vandekerckhove e Dentchev (2005). Mostafiz et al. (2019a, p. 10) destacam que as capacidades gerenciais dinâmicas auxiliam na identificação e exploração de oportunidades internacionais com papel significativo no sucesso da internacionalização das organizações e a definem como “[...] a capacidade dos gestores de sentir, aprender e transformar oportunidades internacionais”. Nessa perspectiva gerencial, busca-se a exploração de oportunidades e criação de vantagem competitiva que reflete na aprendizagem organizacional (Li et al., 2018), vista como aprimoramento para gerar novos produtos ou serviços (Batti et al., 2020). Para Weerawardena et al. (2007) as borns globals aprendem novas rotinas organizacionais e processos que corroboram para a eficácia da internacionalização.

Tanto Zahra e George (2002) quanto Mitgwe (2006) concebem o conceito de EI à luz da inovação, compreendendo-o como um processo de descoberta criativa e exploração de oportunidades para a busca de vantagem competitiva. França et al. (2019), a partir da inovação, reconhecem que a capacidade inovativa fomenta a criação de novos produtos e serviços – perspectiva compartilhada também por McKelvie e Davidson (2009). Alegre et al. (2012) argumentam que para se ter competitividade a inovação e a internacionalização transformaram-se em atividades essenciais.

Nesse sentido, ao passo que a internacionalização ocorre, há indivíduos que se destacam no EI e exploram oportunidades. Tseng e Lee (2010) e Fraccastoro et al. (2021) afirmam que a capacidade de estabelecer redes influencia na forma como as empresas identificam as mudanças e a tendência de mercados, bem como interpretam informações e explanam ainda que organizações conectadas a mercados internacionais conseguem superar barreiras como diferenças culturais, turbulências dos mercados e incertezas no processo regulatório. Na mesma ótica mercadológica, a capacidade adaptativa (Gibson & Brikinshaw, 2004; Monferrer et al., 2015; Tayauova, 2011; Wang & Ahmed, 2007) para Miocevic e Morgan (2018) auxiliam a organização na antecipação das rápidas mudanças no mercado e obter vantagem ao atender demandas externas.

Em essência, Luo (2000) argumenta que as capacidades dinâmicas se tornam cruciais para o processo de internacionalização bem-sucedido, pois fornecem subsídios para essa atuação (Vahlne & Jonsson, 2017). Assim, ambientes como parques tecnológicos, que abarcam variadas organizações inovativas e que buscam garantir a vantagem competitiva e a sustentabilidade da organização (Steiner & Robazzi, 2008; Valentim et al., 2018), podem ser diretamente beneficiadas das pesquisas desenvolvidas sobre o EI e capacidades dinâmicas.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa adotou o método qualitativo, que segundo Godoy (1995), possui como escopo central a análise empírica. Dessa forma, exige-se do pesquisador contato intensivo com o ambiente e com a situação que está sendo estudada. Neves (1996) argumenta que a relação entre conhecimento e fenômeno decorre da capacidade de interpretação do pesquisador, que aplica como referencial e visão de mundo.

O método de pesquisa empregado é o estudo de múltiplos casos, pois a evidência formada com esse método é medida de modo confiável (Baxter & Jack, 2008). Gustafsson (2017) afirma que estudos de múltiplos casos criam uma teoria mais eloquente quando as sugestões são intensivamente estabelecidas em múltiplas evidências empíricas. Destarte, esse método propicia que as questões de pesquisa e a evolução teórica se sucedam de forma mais ampla (Eisenhardt & Graebner, 2007). Para que se possa obter dados de ações realizadas pelos empreendedores que lograram a internacionalização, esta pesquisa também adota a perspectiva longitudinal em retrospectiva.

Os objetos de estudo restringem-se a empresas embarcadas no Porto Digital, que possuem base tecnológica e atuam nos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa (EC). O complexo foi premiado três vezes como o melhor parque tecnológico e reconhecido internacionalmente pelo papel importante no desenvolvimento tecnológico mundial. Destaca-se ainda por contar com mais 300 empresas, institutos de pesquisa, incubadoras, aceleradoras e fundos de investimentos, representando um faturamento de R$2,3 bilhões e empregando mais de 11 mil pessoas (Porto Digital, 2017). O ano de fundação, a propriedade, o número de funcionários e os principais mercados atendidos das empresas selecionadas são apresentados no Quadro 1. As empresas A e B foram fundadas em 2006, a segunda atende ao maior número de clientes estrangeiros.

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Uma das vantagens da pesquisa qualitativa é que as evidências podem ser obtidas por meio de múltiplas fontes, como entrevistas, observações, análise de documentos etc. (Godoy, 2005). Dessa forma, foram analisadas 71 matérias jornalísticas, das quais 15 matérias contribuíram para o estudo. O Quadro 2 expõe as fontes e os descritores utilizados para encontrar o material secundário. Em revistas mais locais, a pesquisa permitiu o uso de descritores relacionados diretamente ao Porto Digital ou internacionalização, enquanto na HSM management o descritor foi mais abrangente. Dos textos encontrados, 15 foram selecionados como úteis para a pesquisa.

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No que tange à escolha dos participantes do estudo, como critério foi considerado o acesso aos indivíduos e as informações relevantes que possam dispor para contribuir com dados relevantes para a identificação das ações estratégicas realizadas no empreendimento. Participaram da pesquisa, ocupantes de cargos C-level e respondentes influentes na concepção de estratégias para a internacionalização.

Para a obtenção dos dados, utilizou-se da plataforma de reuniões Google Meet para realizar duas entrevistas e o Google Forms para a obtenção de mais duas respostas. Triviños (1987) argumenta que a entrevista semiestruturada “[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...]”, além de manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (Triviños, 1987, P. 152). Este gênero de entrevista permite que as informações se manifestem de forma mais livre e tornando as respostas não sujeitas a uma padronização (Manzini, 1991).

O Quadro 3 apresenta o cargo, a formação, o tempo de empresa e a forma da obtenção de dados, apenas a entrevista com a empresa C ocorreu com mais de uma pessoa do mesmo empreendimento. Todas as entrevistas foram feitas de forma on-line com respondentes com conhecimento sobre o processo de internacionalização.

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Após a obtenção de dados primários e secundários, para tratar as informações, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin (2011).

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, são discutidas as capacidades dinâmicas e as dimensões do Empreendedorismo Internacional encontradas nas empresas analisadas do Porto Digital. Ademais, discorre-se sobre a existência dos elos entre as CD e as dimensões do EI identificados.

Capacidade dinâmicas das empresas analisadas

A presente pesquisa tem o intuito de identificar as capacidades dinâmicas de Empreendedorismo Internacional das empresas selecionadas. A partir da análise dos dados foi possível identificar três capacidades dinâmicas, a saber: adaptação, aprendizagem e estabelecer relacionamentos (Quadro 4).

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A capacidade dinâmica de adaptação pode ser compreendida como a capacidade de identificar oportunidades, ser flexível a mudanças de estratégias e utilizar recursos para o marketing, mapeamento de concorrentes e respostas às rápidas mudanças do mercado. Além disso, é vital para a sobrevivência da empresa (Monferrer et al., 2015; Teece et al., 1997; Wang & Ahmed, 2007). Os achados desta pesquisa corroboram Miocevic e Morgan (2018) que defendem a premissa da adaptabilidade como a adaptação feita para atender às necessidades dos clientes e personalizar a oferta de valor. Outrossim, a adaptação exige a renúncia de tradições, práticas para auxiliar o empreendimento a alcançar o sucesso na internacionalização (Gibson & Brikinshaw, 2004).

Já a capacidade dinâmica de aprendizagem possui aspecto distinto de acordo com Weerawardena (2007), especificamente em relação ao conhecimento adquirido em experiências internacionais prévias, como exposto por um respondente:

“[...] A depender dos gestores que nós vamos falar […] claro que a alta gestão precisa estar engajada nisso, precisa ter esse entendimento, esse foco […] E os líderes de projetos, gerentes de projetos também […] Na medida em que eles começam a ter mais essa interação internacional [...]”. (RESPONDENTE D)

Há também o aspecto da aquisição de conhecimento adicional (Weerawardena, 2007). A partir das falas obtidas, nota-se que esse fator demonstra que as empresas buscam conhecimento externo para identificar oportunidades de mercado e aprimorar a orientação para o mercado. Nesse mesmo sentido, Batti et al. (2020) argumentam que a aprendizagem caminha para a melhoria incremental na tecnologia e competência, proporcionando um produto inovador.

Quanto à capacidade de estabelecer relacionamentos se destaca como uma capacidade detectora de oportunidades no mercado. Nessa mesma perspectiva, Tseng e Lee (2010) argumentam que a capacidade de rede auxilia a organização na formulação de estratégias de negócios e para responder às mudanças no mercado, ao passo que fortalece laços e vínculos com clientes e fornecedores. Para além disso, os autores defendem o âmbito relacional, que as redes auxiliam na superação de barreiras culturais, como mencionado na entrevista:

“Além da presença física eu logo coloco na abertura do pitch de vendas que eu sou português também e eles ‘ahhh […]’ porque há muito […] Há muito preconceito natural, eles acham que o brasileiro está sempre em alguma coisa atrasada”. (RESPONDENTE C2)

Além de apoiar com questões burocráticas e modo de entrada, conforme mencionado:

“Do ponto de vista administrativo, a gente tem aqui no Brasil um ponto focal, vamos dizer assim, financeiro que cuida de toda essa parte financeira, toda essa parte legal, e com o apoio de Luís, nos principais órgãos que regulam o mercado de Portugal, outra coisa que também é importante a presença física dele lá, ajuda. Para atender essas demandas externas dessas mudanças, que acontecem, por exemplo, é no mercado, a resolver uma série de questões administrativas da empresa”. (RESPONDENTE C1)

Dessa forma, as capacidades dinâmicas se tornam presentes para as empresas que desejam iniciar ou continuar explorando a internacionalização, conforme é abordado a seguir.

Relação entre capacidades dinâmicas e empreendedorismo internacional

Esta seção tem o propósito de investigar a existência de elos entre as capacidades dinâmicas e o empreendedorismo internacional dos empreendimentos analisados. Inicialmente, é analisada a existência das dimensões de EI nas empresas investigadas (ver Quadro 5).

Uma das dimensões do EI encontrada é a rede de relacionamentos, que segundo Fraccastoro et al. (2021), pode ser considerada como um meio de adquirir informações sobre os mercados estrangeiros e identificar e desenvolver oportunidades nacionais e internacionais. Sobre isso, há o seguinte relato:

“Exploramos nossa carteira nacional para atendimento ao mercado internacional”. (RESPONDENTE B)

Outro ponto importante dentro dessa dimensão, que se destaca nos achados, é a importância do estreitamento de laços e criação de confiança por meio da presença. Nessa perspectiva, Schweizer (2013) enfatiza que a formação e o fortalecimento da confiança fomentam o estabelecimento de uma base propícia para tratar a internacionalização.

A capacidade de propensão à adaptação – encontrada entre as empresas selecionadas – pode ser compreendida como as mudanças no comportamento da empresa para se adequar ao ambiente em que opera (Tayauova, 2011). Nesse sentido, as empresas utilizam instrumentos para se adaptar às exigências do mercado estrangeiro. Tondolo Bitencourt e Tondolo (2008) apresentam a adoção de certificações internacionais como um desses instrumentos, conforme mencionado:

“[...] É essencial você ter isso, inclusive ter certificações internacionais que eu não falei disso, existe essa área de certificação tanto para empresas, quanto para profissionais, quanto essas próprias parcerias que eu citei […]”. (ENTREVISTA D)

Dessa forma, nota-se que a propensão à adaptação se manifesta nas empresas selecionadas de diferentes formas, seja na adaptação de processos seja no atendimento a necessidades do mercado estrangeiro.

Por último, a dimensão de identificação e exploração de oportunidades que segundo Venkataraman et al. (2012) está associada ao ambiente empreendedor. Johanson e Vahlne (2009) argumentam que o processo de internacionalização é resultado direto do empenho investido na busca por oportunidades. Nesse sentido, à medido que se identificam e exploram oportunidades, as características empreendedoras como coragem, otimismo e iniciativa auxiliam na internacionalização (Vandekerckhove & Dentchev, 2005). Assim, um dos sujeitos sociais da pesquisa expõe a importância desse perfil:

“Tem um ponto que Sílvio fala muito, que é “estratégia é a transformação de aspirações em capacidades” e a aspiração dele é exatamente o porto digital ter uma plataforma global que ainda não tem, então ele quer que a estratégia seja uma plataforma global, ele tem essa aspiração. Isso norteia tudo que a gente faz, no sentido de não desistir nunca, então sempre a gente está querendo evoluir, a gente está querendo novas features para plataforma”. (RESPONDENTE C1)

Dessa forma, a exploração de oportunidades pode influenciar a alteração ou formulação de produtos ou serviços e também a formulação de novos produtos ou serviços ofertados.

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Ao passo que as CDs e as dimensões do EI podem ser identificados nas empresas selecionadas, passa-se para o exame dos elos entre os construtos (ver Quadro 6). A priori, a literatura destaca que a importância do networking e das redes de relacionamento para a exploração de oportunidades internacionais (Fracastoro et al., 2021; Johanson & Valhne, 2009; Vandekerckhove & Dentchev, 2005), da mesma forma, as empresas participantes por meio do vínculo com a carteira nacional de clientes, iniciaram o processo de atender clientes internacionais. A forma com a qual o empreendedor se relaciona com a sua rede de contatos influencia diretamente na descoberta de oportunidades. Johanson e Valhne (2009) demonstram que a ausência de redes de contatos no processo de exploração de oportunidades pode ser prejudicada, nomeando essa barreira como “responsabilidade de outsidership”, isto é, a empresa não possui relevância no mercado e isso seria uma dificuldade. O relato a seguir exemplifica:

“[..] Uma das principais dificuldades é o conhecimento porque, por exemplo, nossa empresa tem como cientista chefe Silvio Meira e Silvio Meira é uma referência no Brasil, quando você fala de Silvio Meira no Brasil, todo mundo conhece é uma referência, é aquela coisa. Mas em Portugal? Como é que a gente chegaria? Qual seria o nosso cartão de visita? Para bater na porta de uma empresa e chama, já que Silvio Meira não é conhecido, é óbvio que depois das primeiras reuniões quando a gente coloca as pessoas já começam a ver as coisas de uma forma diferente, mas para quebrar essa primeira barreira, marcar essa primeira reunião e a gente coloca Silvio, as pessoas já começam a ver as coisas de uma forma diferente, mas para quebrar essa barreira e marcar essa primeira reunião e entrar, aí, aqui, tinha um problema”. (RESPONDENTE C1)

Vandekerckhove e Dentchev (2005) relatam que uma rede com alta densidade possui mais eficiência na comunicação e nas expectativas criadas. Dessa forma, nota-se a importância da manutenção das redes, ao partirmos da perspectiva de exploração de oportunidades, um respondente explica:

“[...] É ter a manutenção deste network, a manutenção desse trabalho de prospecção. Por meio da rede de contatos que a empresa já tem de clientes locais”. (RESPONDENTE D)

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Outra relação encontrada nas empresas analisadas se destaca entre a propensão de adaptação e a capacidade de aprendizagem das empresas. Dimitratos e Plakoyiannaki (2003) argumentam que a aprendizagem se torna importante para o processo de adaptação, ao passo que o conhecimento permite ao empreendimento o acompanhamento das tendências do mercado por meio de normas que garantem o sucesso.

Na mesma ótica de crescimento, Li et al. (2018) expõem que adquirir novos conhecimentos e integrá-los aos conhecimentos existentes é como um meio de evolução da empresa, visto que a obtenção de conhecimentos aliada ao processo de adaptação com orientação para o mercado permite à empresa um aprimoramento no processo de internacionalização. Muitas das vezes, o processo de adaptação também está relacionado ao processo de inovação, para atender o mercado, as empresas buscam se adaptar às novas demandas e inovam em seus processos, produtos e rotinas, a inovação pode ser vista como um processo. Alegre et al. (2012) defendem que a inovação aliada ao processo de aprendizagem se torna fator potencializador nas exportações, visto que o elo entre a capacidade e a dimensão se tornam fatores importantes para o processo de internacionalização, por proporcionarem aos empreendimentos meios para lidar com as ameaças do país hospedeiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas empresas selecionadas, a presença das capacidades dinâmicas estavam intrinsecamente relacionadas ao nascimento e solidificação do processo de internacionalização, se atreladas a outros fatores que colaboram com a sobrevivência e geração de vantagem competitiva. No entanto, mesmo com a presença das CDs e dimensões do EI, as manifestações desses se deram de forma diferente alinhadas à literatura acadêmica.

O presente trabalho alcançou seu objetivo ao identificar capacidades dinâmicas nas empresas selecionadas e sua relação com o empreendedorismo internacional. Este estudo colabora com a literatura científica ao demonstrar o fenômeno do EI nas empresas de um país de economia emergente. Para além disso, a questão governamental foi um dos achados de relevância nesta pesquisa, no momento em que a importância da escolha do país estrangeiro se torna fator importante para a internacionalização ser bem sucedida no que tange o processo, os incentivos e as amarras criadas pelo governo do país de origem, além de se tornarem cruciais para que os empreendimentos possam considerar a internacionalização como uma opção.

Outrossim, as redes de relacionamento se demonstram como imprescindíveis pelos empreendedores não apenas para romper as barreiras nacionais, mas para explorar o mercado do país hospedeiro e lidar com as mudanças e ameaças do ambiente. Entretanto, ao basearmos a pesquisa na literatura existente, nota-se uma limitação teórica pela ausência de indicar como as redes exercem tais ações.

Por fim, para estudos futuros recomenda-se a investigação sobre os impactos dos aspectos regulatórios das nações de destino e origem na escolha do processo de internacionalização, bem como a maneira como o campo de pesquisa ainda pode evoluir a partir da análise com métodos além dos mais usados, como estudo de caso e revisão bibliográfica.

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Recebido: 9 jun. 2022

Aprovado: 8 dez. 2022

DOI: 10.20985/1980-5160.2022.v17n3.1799

Como citar: Silva, J.L.V., Pereira, Y.V., (2022). Capacidades dinâmicas e empreendedorismo internacional no parque tecnológico de Pernambuco: análise de empresas do Porto Digital. Revista S&G 17, 3. https://revistasg.emnuvens.com.br/sg/article/view/1799